No âmbito das celebrações dos seus 50 anos e do lançamento do Programa Nova Cultura, a Universidade Nova convida a escultora Maria Ana Vasco Costa para uma intervenção no Campus de Campolide integrada no projecto estratégico da Universidade no campo da Sustentabilidade.  A iniciativa tem o apoio à produção da Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, que celebra também 50 anos em 2023, e concretiza um cruzamento entre as áreas da Cultura e da Sustentabilidade com uma obra integrada na nova concepção dos espaços verdes do Campus, com mais jardins polinizadores, maior biodiversidade e, também, maior abertura à cidade e à comunidade envolvente. A peça de Maria Ana Vasco Costa, formando um “plano de água” em cerâmica vidrada que conecta o relvado e o novo jardim polinizador, introduz no espaço do Campus, em diálogo com o edifício da Reitoria da Universidade Nova e com a sombra que projecta sobre o jardim, uma reflexão sobre a água que evoca os contrastes entre ausência e permanência, entre cristalização e movimento, e oferece assim um possível contraponto, artístico e figural, à reflexão da Universidade sobre a importância da água e sobre a sua progressiva e alarmante escassez.

O trabalho desenvolvido por Maria Ana Vasco Costa desde 2014 procura estabelecer ligações entre o fragmento e o material cerâmico, como forma de recolher uma colecção de memórias da sua relação com a natureza. As suas esculturas executadas em cerâmica vidrada são uma espécie de ensaio visual, poético e protocientífico, da paisagem transformada em cerâmica e desenho, que lembram formações geológicas, fragmentos rochosos ou pedaços de gelo a partir do trabalho sobre a cor, a profundidade, a temperatura, a variação e o som. O trabalho agora apresentado articula a memória das ilhas como paisagem metamórfica – as raízes açorianas de Maria Ana Vasco Costa e as paisagens vulcânicas da Islândia associam-se às formações rochosas da zona de Odemira ou às imagens dos glaciares. Um grande rectângulo de cor azul vidrada surge no relvado em frente à Reitoria como “plano de água” e demarca o espaço do jardim. O reflexo que caracteriza o vidrado e a relação da peça com o restante espaço ajardinado – pois a peça convive com a vegetação – tornam patentes as alterações da presença da matéria nas diferentes fases do dia, meses e estações do ano. Os elementos que compõem a obra – a rocha basáltica em estado bruto, o grande rectângulo vidrado – funcionam como um jardim dentro do jardim. Numa tentativa de “cristalizar” a imaterialidade de ambientes aquáticos e florestas, a artista criou um rectângulo composto de vários outros rectângulos, vidrados artesanalmente num azul profundo. O vidrado interage com a luz criando um ambiente de impermanência, como numa superfície aquática percorrida pelo vento e que reflecte a vegetação circundante.


similares