
Música e exílio em França durante o Estado Novo (1933-1974)
Unidade Orgânica: FCSH
Centro de Investigação: INET-md, CESEM, IHC
Unidade Orgânica: FCSH
Centro de Investigação: INET-md, CESEM, IHC
O EXMUS é um projeto I&D financiado pela FCT que visa abordar a actividade musical dos exilados portugueses em França durante o período do Estado Novo (1933-1974), analisando vários estudos de caso, tendo em conta diferentes géneros e práticas musicais.
Durante o Estado Novo, a música teve um papel fulcral na resistência à ditadura. Canções de protesto foram cantadas em reuniões clandestinas, greves e manifestações não autorizadas, comícios estudantis e dentro das prisões políticas do regime. Vários dos autores destas canções encontravam-se exilados em França, destino de um intenso fluxo de migração política e económica. O repertório musical criado por estes músicos continua fortemente presente na memória coletiva portuguesa e é regularmente cantado em comemorações da Revolução dos Cravos. No entanto, uma investigação aprofundada sobre a produção musical no contexto do exílio em França durante a ditadura encontra-se ainda por fazer.
O principal objetivo de EXMUS é explorar o impacto da experiência do exílio na criação musical. O projeto está organizado em três linhas de pesquisa que abrangem o vasto período cronológico da ditadura: uma história etnográfica de percursos individuais; uma história cultural, social e política das práticas musicais; e uma análise da criação e produção musical.
Vários estudos de caso serão analisados, tendo em conta diferentes géneros e práticas musicais, desde o compositor Fernando Lopes-Graça, exilado em Paris na década de 1930, até aos cantores de música popular ativos durante as décadas de 1960 e 70, maioritariamente associados à esquerda radical (José Mário Branco, Sérgio Godinho, Tino Flores, entre muitos outros).
EXMUS, coordenado por Manuel Deniz Silva (INET-md) e Mário Vieira de Carvalho (CESEM), estudará a relação destes músicos com a complexa rede de organizações políticas e culturais no contexto do exílio, contribuindo para a historiografia da resistência portuguesa e destacando a importância de analisar a circulação transnacional de produções culturais e artísticas.