
ChromAz – O Percurso Cromático do Azulejo Português
Unidade Orgânica: NOVA FCT
Centro de Investigação: VICARTE
Unidade Orgânica: NOVA FCT
Centro de Investigação: VICARTE
A singularidade do património azulejar português é reconhecida internacionalmente pela sua utilização original e ininterrupta nos mais diversos espaços arquitectónicos desde o século XVI. Apesar da crescente atenção de que este património tem sido alvo nas últimas décadas, a sua tecnologia de produção está ainda por estudar.
Que cores e tonalidades caracterizam a paleta azulejar até meados do século XVIII? Que pigmentos foram usados e como eram produzidos? Seriam estes pigmentos diferentes dos usados noutras produções europeias? Como evoluíram as cores e a tecnologia ao longo do tempo? Será possível esclarecer questões de proveniência e datação com base na composição química das cores?
O projecto ChromAz contará uma história inédita do património azulejar português através do estudo da sua evolução cromática e da investigação, contextualização e divulgação das paletas identificadas e respectivas receitas usadas para as produzir.
A natureza interdisciplinar do projecto insere-o na área da História das Técnicas de Produção Artística, uma disciplina emergente que se tem desenvolvido na intersecção das ciências exactas com as artes e humanidades. A metodologia combinará a pesquisa histórica focada na evolução cromática da azulejaria portuguesa, incluindo especificidades cronológicas e de autoria, com a caracterização analítica de amostras seleccionadas para identificação dos pigmentos que compõem a paleta cromática dos azulejos. Analisaremos também azulejos de centros de produção estrangeiros para comparar com os portugueses e estudar os processos de evolução e transferência tecnológica. A identificação de todos os componentes da camada pictórica (vidrado) dos azulejos será realizada através de uma metodologia multi-analítica que inclui a análise elementar, molecular e morfológica.
Os resultados obtidos através da análise química serão, por isso, a base para a reprodução das cores, juntamente com o estudo de tratados históricos e receituários tais como, por exemplo, o tratado persa de Abu l’Qasim (1301), o tratado italiano sobre majólica de Cirpriano Piccolpasso (ca. 1557), ou o tratado sobre faiança holandesa de Gerrit Paape (1794).
O impacto do projecto irá além das instituições participantes para enriquecer a oferta cultural de todos os museus e monumentos que integram azulejos do período estudado. Os resultados contribuirão para esclarecer questões de proveniência e conservação, numa altura em que muito do nosso património se encontra ameaçado. Finalmente, ao desenvolver e disseminar o conhecimento acerca dos pigmentos, vidrados e respectivas receitas, pretendemos inspirar ceramistas contemporâneos a explorar as potencialidades das técnicas históricas em obras de arte do século XXI.